
Marta Pereira da Costa nasceu em Lisboa, em 1982. Aos 18 anos, motivada pelo pai, que a leva a uma aula com Carlos Gonçalves – guitarrista de Amália Rodrigues –, tem o seu primeiro contacto com a guitarra portuguesa. Na altura a ingressar numa licenciatura em Engenharia Civil, divide-se entre os estudos e as casas de fado que frequenta, nomeadamente, o Clube de Fado, em Lisboa. “Ainda mal tocava guitarra portuguesa e comecei a aparecer lá, a sentar-me ao lado do Mário Pacheco [guitarrista e gerente da casa] e a aprender umas notas e a tocar cada vez mais. Foi assim que tudo começou”.
Com o corpo na faculdade e a mente na guitarra, procurou beber da sabedoria de outros guitarristas, como Paulo e Ricardo Parreira, Paulo Soares, Pedro Caldeira Cabral, Ricardo Rocha, Bernardo Couto e Fontes Rocha, também músico de Amália e do Clube de Fado – um mentor que Marta considera a sua “maior referência” e “maior inspiração”. “Incentivou-me todos os dias para continuar a tocar guitarra e foi uma sorte muito grande ter podido privar com ele tanto tempo”, diz.
Antes de se lançar em nome próprio, a guitarrista participa nos álbuns do compositor e produtor espanhol Jaime Roldán e do fadista Rodrigo Costa Félix. Com este último, colaborou no disco “Fados de Amor”, o primeiro disco na história do fado onde a guitarra portuguesa é integralmente tocada e gravada por uma mulher e distinguido com o prémio de Melhor Álbum do Ano de 2012, pela Fundação Amália Rodrigues.
Em 2012, Marta Pereira da Costa dedica-se exclusivamente à música e à guitarra, abandonando a carreira enquanto engenheira civil. A sua estreia em palco a solo acontece em Toronto. Com a missão de dar voz à guitarra portuguesa pelo mundo, a artista também passa nesta fase por países como o Brasil, Suíça, Espanha, Holanda, França, Eslovénia, Roménia, Tunísia e Israel. Nos EUA, numa digressão pela costa Leste, que partilha com Rodrigo Costa Félix.
Em Portugal, apresenta-se no Centro Cultural de Belém e na Casa da Música, entre outras salas nobres do país, em actuações que lhe granjearam estatuto não só no panorama do fado, como no da música nacional. O Prémio Instrumentista, atribuído em 2014 pela Fundação Amália Rodrigues, fruto do seu trabalho, sublinha-o.
Além do extenso e exigente repertório da guitarra portuguesa, que tem mostrado nos seus concertos, Marta arrisca enquanto compositora. Nas constantes idas às casas de fado, que lhe deram “liberdade para tocar, improvisar, experimentar”, encontrou inspiração. Lá, “há lugar para experiências”, revela. Porém, foi quando a realizadora Ana Rocha a desafiou a escrever um tema para uma curta-metragem que “Minha Alma” nasceu. Seguiram-se outras criações, como “Viagem”, “Movimento” e “Terra”, que se tornou o single de apresentação do seu primeiro álbum, homónimo, editado em Maio de 2016, pela Warner Music Portugal. Produzido por Filipe Raposo, o elogiado disco inclui um naipe de convidados de luxo escolhidos por Marta: Camané, Dulce Pontes, Pedro Jóia e Rui Veloso, as suas referências da música portuguesa, e ainda o baixista camaronês Richard Bona e a cantora iraniana Tara Tiba.
Ela se reuniu em palco com um dos maiores nomes da morna cabo-verdiana, Tito Paris, com o saxofonista jazz Ricardo Toscano ou com um grupo de cante alentejano. Do regresso ao Brasil, registam-se a apresentação ao vivo com Toquinho, em São Paulo, e o convite do maestro e violoncelista Jaques Morelenbaum para participar no seu espectáculo no Festival de Jazz de Trancoso.
De 2016 a 2023, a artista continua a cimentar a sua carreira por territórios internacionais e a levar a sua alma e música a lugares como Emirados Árabes Unidos, Espanha, Grécia, Irlanda, Israel, Itália, Luxemburgo, Marrocos, Peru e Senegal. Nos Estados Unidos da América, onde já conta com incontáveis concertos.
Nos EUA, há o ponto de viragem na vida de Marta Pereira da Costa: a notável passagem pelo celebrado Tiny Desk da NPR Music (Rádio Pública Norte-Americana) e sua respectiva transmissão global, na recta final de 2023, que conta já com cerca de 1 milhão de visualizações.
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2024 é o ano de consolidação de Marta Pereira da Costa que deu a volta ao mundo, da Austrália aos EUA, passando por Macau, Hong Kong, Espanha e Reino Unido. Espectáculos que também serviram para rodar e experimentar ao vivo os temas que integram o segundo álbum da guitarrista, com edição a 10 de Maio. “Vai ser um ponto marcante na minha carreira e um momento de afirmação”, sublinha.
“Sem Palavras”, o seu novo longa-duração, é fruto de uma conversa entre Marta e o piano do vencedor de um Grammy Latino, Iván Melón Lewis, gravado em Madrid, no Estúdio Cezanne Producciones, e totalmente interpretado e produzidos pelos dois músicos.
Com a sala Suggia da Casa da Música esgotada, Marta deu mais um passo seguro na sua carreira, apresentando ao vivo pela primeira vez e em Portugal o seu segundo disco. Seguiu rumo ao Brasil para actuar no Festival de Fado em Cidades Históricas e para se estrear no mítico Blue Note Sao Paulo partilhando palco com o seu convidado especialíssimo, Jaques Morelenbaum. Mais tarde rumou à Índia, para mais dois concertos e onde regressará já no início de 2025.
“Sei que toco com muita paixão e essa é a minha verdade” é também o manifesto de Marta Pereira da Costa, uma guitarrista com um infindável universo dentro de si.
“Levar o fado para o mundo e trazer o mundo para o fado”. Esta digressão de Marta Pereira da Costa é possível graças ao apoio do Programa Ibermúsicas através da sua linha de “Apoio à circulação de profissionais da música”, edital 2024.
- 3 de junho: concerto no Teatro Nacional de Costa Rica
- 6 de junho: concerto no Teatro Nacional de Panamá com Carlos Vallarino
- 10 de junho: concerto no Blue Note São Paulo, Brasil com Samara Líbano