O pianista português João Paulo Moreira apresentará no Brasil o concerto “Modernidade em Prelúdio: Brasil e Portugal em diálogo na aurora do século XX” com a Orquestra Sinfônica de Sergipe

A Orquestra Sinfônica de Sergipe apresenta o concerto “Modernidade em Prelúdio: Brasil e Portugal em diálogo na aurora do século XX”, sob regência do maestro convidado Daniel Nery e com o pianista português João Moreira como solista.

O programa propõe uma travessia sonora entre o fim do romantismo e os primeiros lampejos da modernidade, unindo compositores que, cada um à sua maneira, traduziram a inquietação artística e a busca de novas linguagens que marcaram o início do século XX.

“Este concerto é um olhar sobre o momento em que a música europeia se reinventava. A transição entre séculos foi também uma transição de sensibilidades: o heroísmo romântico cedia espaço à cor, ao ritmo e à invenção”, comenta o maestro Daniel Nery. “Ter um pianista português como João Moreira neste contexto amplia ainda mais o diálogo cultural, reafirmando nossos laços históricos e artísticos.”

A abertura do programa se dá com Ludus pro Patria, da compositora Augusta Holmès (1847–1903), uma das vozes mais ousadas do final do século XIX. Escrita em 1888, a obra exalta o espírito nacional francês, combinando energia épica e refinamento orquestral. A peça simboliza o ideal heroico que marcou a estética do romantismo tardio — uma sonoridade grandiosa, mas já cheia de modernidade.

Na sequência, o pianista João Moreira interpreta a Fantasia para piano e orquestra, Op. 20, do compositor português Luiz Costa (1879–1960). Raramente executada, a obra é um elo entre o lirismo romântico e a sofisticação harmônica que floresceu nas primeiras décadas do século XX.

Ainda com o solista, segue-se o Concerto para piano em Sol maior de Maurice Ravel (1875–1937), uma das obras-primas do modernismo francês. Inspirado pelo jazz e pelo colorido orquestral da década de 1920, o concerto combina leveza, virtuosismo e uma poética modernidade sonora, símbolo do novo século que se abria.

Encerrando o programa, a orquestra interpreta Les Préludes, de Franz Liszt (1811–1886). Com sua força visionária e estrutura cíclica, a obra representa o romantismo em sua forma mais grandiosa e filosófica. Ao lado de Ravel, Costa e Holmès, Liszt figura aqui como o elo ancestral — o compositor que abriu caminho para a modernidade do século XX.

“De Holmès a Liszt, o concerto é uma narrativa sobre o tempo: sobre como a música transforma o passado em futuro. Essa é a essência da arte — a modernidade está sempre em prelúdio”, conclui o maestro.

Daniel Nery é Doutor em Música pela Universidade de Aveiro (Portugal), Professor de Regência na Universidade Federal de Sergipe e Bacharel e Mestre pela UNESP. Em sua formação destacam-se nomes como Isaac Karabtchevsky, Roberto Tibiriçá, Johannes Schlaefli (Suíça), Fábio Mechetti, Abel Rocha e Samuel Kerr. Já esteve à frente de importantes orquestras, entre elas a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Orquestra Sinfônica de Barra Mansa e Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Na Europa, dirigiu a Filarmonia das Beiras (Portugal), Berlin Sinfonietta (Alemanha) e RNCM Orchestra (Reino Unido). Premiado no I Concurso Carlos Gomes para Jovens Regentes, foi maestro adjunto da Orquestra Sinfônica de Sergipe, onde idealizou o projeto Orquestra Jovem de Sergipe, oferecendo formação musical a jovens em situação de vulnerabilidade.

João Moreira nasceu em Portugal em 1985 e iniciou seus estudos musicais aos oito anos. Formou-se em piano pela Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo (ESMAE), Porto, onde também concluiu o mestrado em Ensino de Música com alta distinção. Atualmente é doutorando em Música pela Universidade de Aveiro, pesquisando obras de J.S. Bach e os 24 Prelúdios para piano de Fernando Lopes-Graça.

Participou de masterclasses com renomados pianistas e professores, como Helena Sá e Costa, Maria do Céu Camposinhos, Jura Margulis, Pedro Burmester, Claudio Martínez Mehner e Christopher Elton.

Sua carreira inclui recitais solo em Portugal, Alemanha, México e Espanha, além de atuações como solista com orquestras, incluindo Artave Orchestra e Algarve Orchestra, com repertório que vai de Liszt a Beethoven, passando por compositores portugueses. Entre suas premiações recentes estão o 2º lugar no Calabria International Piano Competition 2023 e finalista do International Piano and Orchestra Festival, Guadalajara, México. Lançou em 2025 o seu primeiro álbum, com obras de Bach, Schubert e Saint-Saëns.

João Moreira é reconhecido por seu virtuosismo, sensibilidade interpretativa e dedicação à pesquisa musical, sendo um dos principais pianistas portugueses de sua geração.

Esta apresentação de José Paulo Moreira no Brasil é possível graças ao suporte do Programa Ibermúsicas através da sua linha de “Apoio à circulação de profissionais da música”, chamada 2024. A realização: do concerto é possível graças ao aopio do Governo de Sergipe, através da Funcap. 6 de novembro, 20h no teatro Tobias Barreto, Sergipe, Brasil