Autor: Ricardo Gomez Coll

  • O acampamento Mujeres en Ruta de Mujeres Haciendo Eco será realizado no Paraguai

    O acampamento Mujeres en Ruta de Mujeres Haciendo Eco será realizado no Paraguai

    Mujeres en Ruta é um espaço de intercâmbio de conhecimentos entre as integrantes de Mujeres Haciendo Eco e os líderes da indústria musical nacional e internacional. O objetivo é construir espaços seguros onde as mulheres e as dissidentes possam aprender as melhores práticas para a transformação da realidade de uma forma comunitária.

     

    Este projeto procura também descentralizar o circuito musical no Paraguai, realizando encontros nas cidades vizinhas da capital sob a forma de campos de criação, palestras e masterclasses, com vista à sua expansão a todo o território nacional. Os eixos desta primeira edição são: perspetiva de género, descentralização, construção colectiva e autogestão.

     

    As actividades são gratuitas, com lugares limitados para os inscritos no diretório Mujeres Haciendo Eco. A mostra de encerramento será aberta ao público na cidade de Areguá.

     

    Na sexta-feira, 23 de agosto, terá lugar um diálogo entre artistas e gestores do sector folclórico na cidade de Piribebuy. No sábado, 24 de agosto, realizar-se-ão palestras e workshops na Bioescuela Popular El Cántaro, na cidade de Areguá. As actividades de sábado serão compostas por três partes: Espaços de Reflexão, Espaços de Profissionalização e Espaços de Criação Artística.

     

    No Espaço de Reflexão, Rosana Corbacho, psicóloga clínica e humanista espanhola especializada em Saúde Mental na Indústria Musical, participará num workshop centrado em exercícios de regulação mental e emocional que podem ser aplicados em qualquer momento do processo musical, desde a composição até ao momento da encenação. Ainda neste espaço, haverá aconselhamento sobre boas práticas e gestão na criação de uma associação de mulheres na música, com Carmen Zapata, presidente da Associação de Mulheres na Indústria Musical de Espanha (Associação MIM).

     

    No Espaço Profissionalização, haverá um workshop sobre a criação de um dossier de artista pela equipa de Marketing Cultural do El Inka. Paula Rivera (Argentina) dará uma palestra sobre como estabelecer contactos nos principais mercados musicais da Ibero-América.

     

    No Espaço de Criação Artística, haverá um Laboratório de Criação Colectiva para cantores e compositores dirigido por Pamela Merchán, do Dúo Mapas (Argentina). O encontro será encerrado com um concerto gratuito e aberto ao público do Dúo Mapas e artistas paraguaias.

     

    Esta iniciativa é apoiada por Ibermúsicas através de suas Ajudas à Programação 2023.

     

    • 23 de agosto Piribebuy, Paraguai
    • 24 de agosto Areguá, Paraguai
  • A Orquestra Juvenil de Pamplona desloca-se à Colômbia no âmbito do seu intercâmbio com a Academia Sinfonietta de Bogotá

    A Orquestra Juvenil de Pamplona desloca-se à Colômbia no âmbito do seu intercâmbio com a Academia Sinfonietta de Bogotá

    O intercâmbio entre a Orquestra Juvenil de Pamplona e a Academia Sinfonietta consiste em dois projectos sinfónicos: um na Colômbia e outro em Espanha, com a troca dos maestros de cada orquestra e de um pequeno grupo de músicos que viajarão entre os dois países. Em cada país serão realizados dois concertos com programas diferentes, incluindo obras de compositores latino-americanos e ibéricos.

     

    Estes dois programas incluirão ensaios e a criação de material promocional para que a proposta chegue ao público em geral, mas especialmente ao público jovem.

     

    Esta parte do projeto refere-se aos concertos na Colômbia para os quais os músicos da Orquestra Juvenil de Pamplona foram convidados a colaborar com a orquestra Sinfonietta Academy de Bogotá.

     

    A Orquestra Juvenil de Pamplona é uma orquestra formada e auto-gerida por jovens artistas de Navarra e arredores. A sua fundadora, Mirari Etxeberria, iniciou este projeto em 2017, quando tinha apenas 20 anos de idade, com o objetivo de se introduzir na direção de orquestra. Atualmente, a orquestra conta com mais de 65 membros, estudantes de estudos musicais de alto nível pertencentes a diferentes especialidades, como performance, composição, musicologia e pedagogia. Trata-se de um projeto que visa aproximar os jovens músicos do mundo do trabalho, uma vez que uma das oportunidades profissionais mais desejadas por estes é fazer parte de grandes orquestras.

     

    A Academia Sinfonietta de Bogotá procura aproveitar as diferentes possibilidades da música através da formação especializada e profissional, da melhoria da saúde, da música como agente de transformação para a mudança social, do ensino da música, da investigação e da preservação da música como património, entre outras, para o que trabalha em cinco linhas de ação: educação, performance, música comunitária, musicoterapia e investigação.

     

    A atuação de La Joven Orquesta de Pamplona em Bogotá é possível graças ao apoio do Programa Ibermúsicas.

     

    • Sexta-feira, 23 de agosto: Concerto no Auditório León de Greiff, Bogotá, Colômbia.
  • A segunda edição do Ritmo, o Mercado Musical do Peru, está a chegar

    A segunda edição do Ritmo, o Mercado Musical do Peru, está a chegar

    Uma nova edição do Ritmo Mercado Musical será realizada sob a produção da PMA e com o apoio do Ibermúsicas e do Ministério da Cultura do Peru. O Ritmo Mercado Musical é um evento híbrido que reúne expoentes dos Estados Unidos, México, Colômbia, Chile e Peru em diversas palestras, workshops, concursos, sorteios e actividades de networking sobre a indústria musical. A entrada é gratuita e o evento será transmitido ao vivo em plataformas de streaming. Além disso, o evento final contará com apresentações e concertos ao vivo na sede principal do Ministério da Cultura.

     

    Nesta segunda edição, Ritmo contará com palestrantes renomados em diferentes áreas da indústria musical. Entre eles: Juan Alberto Mata (Peru), Ronan Chris Murphy (EUA), Darumas (EUA), Jhoseph Ojeda (Peru), Jaime Gómez (Colômbia), Yael Meyer (Chile), Laura Mendoza (Chile), Ricardo Cortés (Colômbia), Pedro Apcho (Peru), Flow GPT (Chile), Sofía Villar (Colômbia), Milena Warthon (Peru), Eric Kauffmann (México), Carolina Corzo (Peru), Jorge Azama (Peru), Maritza Rojas (Peru), Mario Melgar (Peru) e mais especialistas do cenário nacional e internacional.

     

    Além disso, o Ritmo traz mais novidades, como playlists oficiais do Spotify e do YouTube e um concurso para que bandas e artistas ganhem a chance de tocar ao vivo no show de encerramento do evento.

     

    • 22, 23 y 24 de agosto
    • Inscripción en: www.ritmomercadomusical.com
    • Ritmo vai ser transmitido ao vivo pelo Twitch: https://www.twitch.tv/ritmomercadomusical
  • Ligando a Madeira ao Sul do Brasil, a Norberto Gonçalves da Cruz leva seu espetáculo GAIA ao Mato Grosso do Sul

    Ligando a Madeira ao Sul do Brasil, a Norberto Gonçalves da Cruz leva seu espetáculo GAIA ao Mato Grosso do Sul

    O concerto GAIA, é uma criação que vem despertar uma reflexão sobre quem somos e o nosso papel no mundo. Na mitologia grega é representada como “Terra mãe”. GAIA é uma viagem através do universo musical de Norberto Gonçalves da Cruz, que traz muitas influências e simbioses entre várias linguagens e tecnologia que mostram “Gaia” em todas as suas cores. É um conceito descritivo das várias perspectivas, sensações e elementos que sustentam a natureza e todo mundo físico, em contraposição, com a visão e forma de como nos colocamos no mundo como seres espirituais.

     

    Norberto Cruz, é um músico, compositor e criador, sendo dos mais conceituados bandolinistas portugueses reconhecido internacionalmente. Apresentou-se em salas em todo o mundo como o Teatro Alla Scala (Milão-Itália), Teatro “La Fenice” (Veneza – Itália) exibindo-se sob a direção de maestros como Ricardo Muti e Mitislav Rostropovic, tocando ao lado de músicos internacionais como Plácido Domingo, Andrea Bocelli e Noa. É um dos fundadores do Quinteto a Plectro Giuseppe Anedda, ganhando em 2012 a Medalha de Representação do Presidente da República Italiana.

     

    Além de seu trabalho no âmbito da música clássica, em especial no bandolim, sempre teve no seu percurso a vertente da criação e da composição de forma experimental, onde explora outras sonoridades, linguagens e gêneros, tendo no seu histórico musicais como o “Novo mundo” (2008), “Safe”(2019) e “Ezequiel” (2021) entre outros.

     

    No Brasil, o projeto contará com a participação da Orquestra Indígena, sob a orientação do maestro Eduardo Martinelli, que juntará as suas sonoridades ao concerto de Gaia, tornando assim esta experiência musical de uma riqueza extraordinária, quer para os artistas envolvidos, quer para o público em geral.

     

    A programação deste projeto contempla a realização de três concertos, três formações e uma palestra, enquadradas nos Diálogos Musicais Ibero Americanos (DMI), aqui na sua 2ª Edição, eventos os quais serão agora num formato presencial no território brasileiro e que será também disponibilizado online, criando assim uma continuidade à candidatura anterior da Associação de Bandolins da Madeira ABM, no período de agosto de 2024.

     

    A Associação de Bandolins da Madeira (ABM) tem apoio da República Portuguesa |DGArtes; do Governo Regional da Madeira | Secretaria Regional de Turismo e Cultura | Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia. Apoio ao projeto: Ibermúsicas. Parceiros: Prefeitura Municipal de Campo Grande (BR), o SESC|MS (BR) e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (MS – BR).

     

    • 22 de agosto: Festival de Inverno de Bonito, Bonito, MS, Brasil
    • 24 de agosto: SESC Campo Grande, MS, Brasil
    • 28 de agosto: Festival ao Encontro da Música Clássica, Campo Grande, MS, Brasil
  • O violinista costa-riquenho Guillermo Salas Suárez apresenta “As quatro estações e os elementos – Ciclos e natureza na música do século XVIII” na Colômbia e nas Honduras

    O violinista costa-riquenho Guillermo Salas Suárez apresenta “As quatro estações e os elementos – Ciclos e natureza na música do século XVIII” na Colômbia e nas Honduras

    Este projeto consiste num workshop orquestral para estudantes avançados de música clássica ministrado pelo Dr. Guillermo Salas Suárez, especialista em performance histórica. O repertório inclui Le Quattro Stagioni de Vivaldi e Les Élémens de Rebel.

     

    Os alunos trabalharão intensivamente, a nível individual e orquestral, os rudimentos da interpretação histórica, seguindo as directrizes estabelecidas pelas fontes históricas e pela investigação musicológica sobre como executar a música de uma forma mais próxima da forma como foi originalmente interpretada.

     

    O violinista barroco costa-riquenho Guillermo Salas Suárez atuou com as Orquestras Barrocas de Atlanta, Lyra e Carolina do Norte, Apollo’s Fire, The Newberry Consort, Lumedia MusicWorks e Bach Collegium Fort Wayne. Foi concertino convidado da Indianapolis Baroque Orchestra, da American Baroque Opera Company, da Bourbon Baroque e é convidado a dar masterclasses e workshops em todo o continente. Guillermo tem um Doutoramento em Artes Musicais em Performance Histórica pela Case Western Reserve University em Cleveland, EUA, onde estudou sob a tutela da Dra. Julie Andrijeski.

     

    Como investigador de música espanhola e colonial, apresentou o seu trabalho nas Universidades de Boston, Indiana e Oregon (EUA) e na Universidad Nacional Autónoma de México. A sua monografia sobre o violino na Espanha do século XVIII vai ser publicada pela Indiana University Press. Educador de performance histórica na América Latina, foi professor no Festival de Música de Santa Catarina (Brasil) e apresentou palestras e workshops para a Academia de Música Antigua de Medellín (Colômbia), a Universidad Nacional e o Instituto Nacional de la Música (Costa Rica).

     

    Esta tournée de Guillermo Salas Suárez é apoiada pelo Programa Ibermúsicas através das Ajudas à Circulação, Edital 2023.

     

    • 21 de agosto 19h: Patio Teatro del Claustro Comfama, Medellín, Colômbia
    • 29 de agosto 16h: Conservatorio Nacional Francisco Díaz Zelaya, Tegucigalpa, Honduras
    • 30 de agosto, 19h15: Igreja do Señor de las Mercedes, Santa Lucía, Honduras
    • 31 de agosto, 17h: Parroquia Inmaculada Concepción Cantarranas, Honduras
  • CRANEAmúsica, Conferências, Networking e Showcases 2024 regressa ao Paraguai

    CRANEAmúsica, Conferências, Networking e Showcases 2024 regressa ao Paraguai

    CRANEAmúsica está de volta como um evento imperdível na agenda cultural dos profissionais e artistas paraguaios. Esta nova edição realizar-se-á presencialmente de 19 a 22 de agosto de 2024 no Centro Cultural del Puerto e noutros locais da capital, abordando os seguintes temas: Associativismo, Internacionalização e Tecnologia.

     

    Como todos os anos, através das suas diversas actividades, o CRANEAmúsica procura respostas para os desafios que a indústria musical paraguaia enfrenta. Além disso, através das conexões geradas em feiras e mercados internacionais, são fortalecidas as alianças com diferentes países da região, impulsionando o crescimento do sector.

     

    Para a edição de 2024, alguns dos convidados virão de; Argentina (FUTURX, Bienal de Música de Córdoba, Paula Rivera), do Brasil, Antonio Gutierrez (Festival REC BEAT), Chucky García do Min. de las Culturas da Colômbia, Delegação do Uruguai (INMUS, Festival Medio y Medio e artistas), Espanha (ASACC – MIM) e Andrés Sánchez da OCESA, México, todos trazendo conhecimentos e iniciativas para trocar experiências e compartilhar o talento musical local.

     

    O programa completo e diversificado do evento divide-se em três secções principais: Zonas Académicas CRANEA, dirigidas a um público profissional e universitário, com quatro dias intensos de networking, conferências, painéis e workshops, que terão lugar no recinto principal do evento; Networking CRANEA com Pitch Sessions, SpeedMeeting e CRANEA Showcases, o programa que encherá as salas e palcos da cidade com música ao vivo, aberto ao público em geral.

     

    O evento é promovido pela DINAPI, MERLIN, Fundación Itaú, Ibermúsicas, Secretaría Nacional de Cultura de Paraguay, FONDEC, Instituto Nacional de Música de la Dirección Nacional de Cultura del Ministerio de Educación de Cultura de Uruguay, Asociación de la Música Independiente de Paraguay e Acción Cultural española através do programa PICE.

     

    O CRANEAmúsica foi declarado de Interesse Turístico pelo SENATUR, para além de ter sido licenciado como “marca país” pelo Ministério da Indústria e Comércio através da rede de Investimento e Exportação.

     

     

    • De 19 a 22 de agosto
    • Mais informações em www.planeamusica.com

     

  • A musicóloga espanhola Sakira Ventura apresenta a sua obra “Mapa das criadoras da história da música: mundos sonoros por descobrir”

    A musicóloga espanhola Sakira Ventura apresenta a sua obra “Mapa das criadoras da história da música: mundos sonoros por descobrir”

    “Mapa das criadoras da história da música: mundos sonoros por descobrir” é uma digressão académica ibero-americana pelo Chile, México e Costa Rica.

     

    Sakira Ventura, desenvolveu em 2020 um projeto em que dá nome, rosto e voz a todas as mulheres que em tempos passados (e também nos dias de hoje) lutaram e lutam para serem igualmente reconhecidas no campo da composição musical: um mapa interativo que reúne mulheres criadoras de música académica de todos os tempos e distribuídas por todo o mundo.

     

    Esta ferramenta está em constante atualização e pretende servir de ponto de partida para a recuperação, inclusão e divulgação de repertório criado por mulheres que foi esquecido e desvalorizado durante tantos séculos. Este projeto inclui mais de 650 mulheres compositoras, das quais mais de 200 são da América Latina.

     

    O Mapa das Mulheres Compositoras na História da Música apresenta uma lista de compositoras por ordem alfabética, juntamente com uma experiência interactiva em que se pode dar a cara por estas autoras, conhecer a sua vida e obra, navegar pelos seus sítios web, ouvir um exemplo das suas composições e ter a opção de partilhar os seus perfis nas redes sociais. Desde que este projeto nasceu, tem sido utilizado em centros educativos de todo o mundo com o objetivo de proporcionar uma educação igualitária aos alunos.

     

    O principal objetivo que Sakira Ventura se propôs alcançar com este projeto é sensibilizar para a importância de conhecer a história completa da História da Música. Isto significa conhecer o maior número possível de figuras que desempenharam (e ainda desempenham) um papel no desenvolvimento da arte musical, e não apenas a perspetiva enviesada que a historiografia nos tem dado ao longo dos séculos.

     

    A arte é um espaço disciplinar onde o preconceito de gênero aparece de forma mais marcada do que noutras disciplinas, razão pela qual o projeto “Mapa de Criadoras na História da Música: mundos sonoros por descobrir” terá um impacto decisivo numa verdadeira mudança no âmbito académico-musical. Uma mudança que criará uma consciência crítica e encorajará a reflexão sobre as omissões que nos levam a ver a História da Música de uma forma enviesada, excluindo 50% da população.

     

    O projeto de Sakira Ventura é apoiado pelo programa Ibermúsicas através das suas Ajudas à Circulação, edital 2023.

     

    • 16 de agosto, 12h: Seminário na Sala Audiovisual, FaM UNAM da Universidade Nacional Autónoma do México, CDMX, México
    • 20 a 22 de agosto, 16h: Seminário no Sistema Nacional de Educación Musical. Parque La Libertad, San José, Costa Rica
  • GEMAA BA (Grupo de Estudios en Músicas y Artes Afrobrasileñas de Buenos Aires) lança “Exú de Buenos Aires” no Spotify e em todas as plataformas

    GEMAA BA (Grupo de Estudios en Músicas y Artes Afrobrasileñas de Buenos Aires) lança “Exú de Buenos Aires” no Spotify e em todas as plataformas

    “Exú de Buenos Aires” é um projeto de investigação artística que combina reflexão conceitual, música, textos, audiovisuais e dança para problematizar o diálogo, não isento de tensões, entre a música afro-brasileira (ritmos de candomblé, samba e capoeira) e o tango argentino.

     

    Com este projeto, o GEMAA BA realiza as formas como estas trocas culturais e epistémicas afectam as práticas artísticas no Rio da Prata, como parte das circulações do Atlântico Negro.

     

    Exú “é o que apresenta e fundamenta a ontologia do tempo na cosmogonia iorubá, pois ele é, em si mesmo, a própria ontologia, o tempo que se dobra simultaneamente para frente e para trás” (Sueli Carneiro, “Performances do tempo espiralar”, 2022).

     

    Como parte do projeto GEMAA BA, apresenta seu trabalho musical “Exú de Buenos Aires” no qual participam Leandro Mellid: composição, arranjos e produção, atabaques, agogó e baixo de seis cordas; Nicolás Muntaabski: arranjos, cavaquinho, berimbau, surdo, pandeiro e sementes; José Martínez Luquez:violão; Javier Sosa: contrabaixo; Manuela Pérez Crispiani: bandoneon; Jero Canovil: saxo tenor; Berenice Corti: atabaque e produção executiva; Pía Paganelli: letras e vocais; Paula Picarel e Laura Gamaleri: coros e comunicação.

     

    Esta iniciativa conta com o apoio do Fomento a la Música 2022 do Instituto Nacional de la Música da Argentina e foi vencedora do Premio Brasil Ibermúsicas 2023.

     

    Link para o Exú de Buenos Aires:

    https://open.spotify.com/intl-es/album/5jN44Pxkh6dcStTT9jbUs0?si=TvhBJykVTFiZU2zau6irxA

  • Mesias Maiguashca – Buh Records (Perú – 2021)

    Mesias Maiguashca – Buh Records (Perú – 2021)

    Maiguashca: cíclico y magnético
    Fabiano Kueva
    Quito, febrero 2021

    Mesías Maiguashca (Quito, 1938) es una figura referencial de la música contemporánea a nivel internacional. Formado en el Conservatorio Nacional de Quito (Ecuador), la Escuela de Música de Rochester (E.U.A.), el Centro Latinoamericano de Altos Estudios Musicales del Instituto Torcuato Di Tella (Argentina) y los Cursos de Nueva Música de Colonia (Alemania), es parte de la primera generación de compositores latinoamericanos que basan su trabajo en una visión expandida y utilizan los medios electroacústicos, electrónicos, instrumentales y mixtos para la creación y puesta en escena de la música.

    El corpus de su obra podría describirse bajo dos premisas. La primera desde una noción de ciclo, un concepto muy arraigado en los Andes y que es capaz de combinar prácticas y sentidos relacionados al cuerpo, al tiempo, a los modos, pero también a los lugares. Durante seis décadas de creación musical, Maiguashca ha delineando ejes estéticos diversos, provocando preguntas acerca de la experiencia de la escucha y generando un flujo sonoro, una oscilación permanente entre Latinoamérica y Europa. Así, el mestizaje de conceptos, técnicas y tímbricas occidentales y no occidentales, las referencias literarias o el abordaje histórico, se perciben como un gesto complejo, que deja entrever las tensiones, las memorias, el lugar del artista. Es decir los giros, las rotaciones y los quiebres al interior del ciclo.

    La segunda premisa se refiere al magnetismo, a esa condición física y material que dinamiza y que atrae, metáfora posible para explicar el rol que Mesías asumió en la música contemporánea, su compromiso como maestro e interlocutor de varias generaciones de creadores y como agente cultural de procesos claves para la difusión y la inscripción de las nuevas prácticas musicales a ambas orillas del Atlántico.

    Sin duda, lo cíclico y lo magnético reafirman su resonancia en el presente. Han transcurrido 45 años desde la publicación de Oeldorf 8 (1976), el LP en vinilo que dio inició a la discografía de Maiguashca, una coedición del sello holandés Nea Mousa y la Fundación Hallo de Ecuador; y hoy tenemos ante nuestros oídos la edición en LP doble en vinilo, preparada por Buh Records, con una selección de obras compuestas para cinta magnética e instrumentos: El Mundo en que vivimos (1967); Ayayayay  (1971); Intensidad y altura (1979); The wings of perception (1989) Nemos Orgel (1989).

    Esta cuidada edición, además de hacer disponibles obras cuya discografía, en disco compacto, se encontraba agotada hace ya varios años, propone un concepto discográfico nuevo: poner al autor, su música y sus escuchas en un diálogo contrastado y prolongado. Lo cual nos desafía a aproximarnos a Maiguahsca más allá de nuestros hábitos lineales.

     

    Mesías Maiguashca: Música para cinta magnética (+) instrumentos (1967-1989)

    Mesías Maiguashca es una figura de relevancia en el mapa de la composición contemporánea de vanguardia. Nacido en Ecuador pero radicado en Alemania, ha sido desde la década del 60 un compositor en constante ampliación de sus posibilidades, tanto en los ámbitos de la música electrónica (donde destaca como pionero), las obras mixtas, así como las piezas interdisciplinarias expandidas y la creación de instrumentos no convencionales, en donde el encuentro entre la tradición popular folklórica de su país de origen y las nuevas músicas europeas ha producido un universo de tensión, tan fascinante como sobrecogedor.

    Mesías Maiguashca: Música para cinta magnética (+) instrumentos (1967-1989) presenta por primera vez una muestra de la obra esencial de Maiguashca, que abarca un período que va de 1967 a 1989. Esta es la primera de una nueva colección, una nueva serie de álbumes que busca documentar la extensa obra grabada de Maiguashca, con piezas que datan desde mediados de los 60 hasta la actualidad. Este primer lanzamiento es una buena introducción para comprender las distintas opciones estéticas desarrolladas por el artista a lo largo de su carrera. Incluye sus piezas históricas de música electrónica, como El mundo en que vivimos (1967) o Ayayayayay (1971), que son referencias tempranas de la música electrónica en América Latina, y también piezas mixtas, como Intensidad y altura (1979) para seis percusionistas y cinta magnética, The Wings of perception (1989) para un cuarteto de cuerda y cinta, y Nemos Orgel (1989) para órgano y cinta magnética.

    Como ha señalado el crítico Fabiano Kueva: “Durante seis décadas de creación musical, Maiguashca ha delineando ejes estéticos diversos, provocando preguntas acerca de la experiencia de la escucha y generando un flujo sonoro, una oscilación permanente entre Latinoamérica y Europa. Así, el mestizaje de conceptos, técnicas y tímbricas occidentales y no occidentales, las referencias literarias o el abordaje histórico, se perciben como un gesto complejo, que deja entrever las tensiones, las memorias, el lugar del artista.”

    Mesias Maiguashca estudió en el Conservatorio de Quito, la Eastman School of Music (Rochester, N.Y.), el Instituto di Tella (Buenos Aires) y en la Musikhochschule Köln. Ha realizado producciones en el estudio de Música de la WDR (Colonia), en el Centre Européen pour la Recherche Musicale (Metz), en el IRCAM (Paris), en el Acroe (Grenoble) y en el ZKM (Karlsruhe). En 1988 fundó con Roland Breitenfeld el K.O.Studio Freiburg, una iniciativa privada para el cultivo de música experimental. Vive desde 1996 en Freiburg.

    Mesías Maiguashca: Música para cinta magnética (+) instrumentos” se publica en doble vinilo LP, en una edición limitada de 300 copias, incluye fotos y amplia información sobre las piezas. Notas por Mesias Maiguashca y Fabiano Kueva. Arte por Martín Escalante.  Proyecto realizado gracias al fondo de Ibermúsicas.

    “Ayayayayay” (1971)
    música concreta y electrónica, para cinta magnética.

    Producción: Estudio de Música Electrónica de la WDR, Colonia.
    Caligrafía de la partitura: Augusto Mosquera.

    Durante el verano de 1969 visité por seis semanas el Ecuador. Grabé en cinta todo lo que vino a mi oído: sonidos y ruidos de la naturaleza (viento, ríos,  lluvia, animales etc.), sonidos típicos urbanos (tráfico, mercados), eventos en que participé (conversaciones, viajes, fiestas, un bautizo, etc.) y naturalmente “música” (conciertos, emisiones radiales, grabaciones, etc.).

    De regreso en Alemania y luego de tomar distancia del viaje, comencé a escuchar esas grabaciones, con la intención de estudiarlas y ordenarlas. Para mi sorpresa me encontré con un potencial doble: por una parte sonidos muy ricos, con calidades acústicas muy interesantes, bien definibles con parámetros musicales; por otra parte sonidos con una capacidad enorme de representación de objetos, situaciones y sentimientos que describen bien una manera de ser, “nuestra manera de ser”. En Ayayayayay trabajé pues con ambos aspectos. Sobre un tejido sonoro abstracto creado por la manipulación de sonidos reales aparecen de manera muy plástica imágenes de momentos característicos de la vida diaria de mucha de nuestra gente.

    “Intensidad y Altura” (1979)
    para seis percusionistas y cinta magnética
    Encargo: CERM (Centre Européen pour la Recherche Musicale) Metz;
    Estreno: recontres internationales de musique contemporain 1980, Metz
    Grabación: Slagwerkgroep Den Haag, Donaueschingen 1984

    “Quiero escribir, pero me sale espuma,
    quiero decir muchísimo y me atollo.”
    César Vallejo, Intensidad y Altura

    Base de esta composición es la división de una unidad de tiempo en 4, 5, 6 y 7 partes iguales.
    Punto de partida es la frecuencia básica de 988 Hz.;
    -si divido esta frecuencia por 4, 5, 6 y 7 obtendré el acorde básico;
    -la transposición de 10 octavas hacia abajo de la frecuencia básica 988 Hz. nos da la
    frecuencia 0.964 Hz., la que corresponde al valor metronómico de una negra=58;
    -el ritmo básico divide esta duración en 4, 5, 6 y 7 partes iguales:
    -si traspongo este ritmo 10 octavas hacia abajo obtendré el esquema formal de ca.
    17:30 minutos.

    Así, en esta composición utilizo la proporción 4:5:6:7 en 20 octavas, la más
    aguda es la “frecuencia básica”, la más grave constituye el “esquema formal”:

    El Mundo en que vivimos” (1967)
    música concreta y electrónica, para cinta magnética.
    Producción: Estudio de Música Electrónica de la Escuela de Música de Colonia.

    El mundo en que vivimos fue compuesto  para un film documental polaco como práctica pedagógica en un curso dictado por el compositor W. Kotonski (1925-2014) en los Kölner Kursen für neue Musik, de la Rheinische Musikschule en Colonia. Me interesé posteriormente en las cualidades puramente musicales de estos materiales y realicé con ellos una versión estéreo de concierto para cinta magnética, mi primer ejercicio en este género. La música mezcla sonidos electrónicos, concretos e instrumentales.

     

     “The Wings of Perception I” (1989)
    para cuarteto de cuerdas y cinta magnética;
    Estreno: ZKM Multimediale 3, Karlsruhe 08.11.1993;
    Grabación: Karlsruhe 1993, Cuarteto Ballestrieri.

    The wings of perception I pertenece al ciclo Reading Castañeda compuesto en la década de l980. Punto de partida de este ciclo fue la creación de un “instrumento”,
    el cual consta de un soporte cúbico de tubos, en el cual se pueden “colgar” objetos de metal, con hilos de nylon. Estos objetos pueden entonces ser “tocados” con percutores y arcos,  para luego ser amplificados con micrófonos de contacto. Bauticé a esta construcción con el nombre de “Objeto Sonoro”.  La experiencia con este “instrumento” ha sido muy fructífera: he compuesto desde entonces varias composiciones utilizándolo solo o con otros instrumentos.

    Paralelamente al diseño y  realización del Objeto Sonoro leí una y otra vez los cuatro primeros libros de Carlos Castañeda sobre la práctica de la brujería de los indios Yaqui, en Méjico.  De esta dualidad surgieron las seis composiciones que conforman el ciclo Reading Castañeda. The wings of perception I fue concebida para cuarteto de cuerda y sonidos del “Objeto Sonoro” grabados en cinta magnética. En esta obra he tratado a los objetos sonoros como si fueran instrumentos de cuerda y al cuarteto de cuerdas como si fuera un objeto sonoro.

    “Nemos Orgel”, (1989)
    para órgano y cinta magnética.
    Encargo: Kultusministeriums Baden-Württemberg, Alemania;
    Escrita para Zsigmond Szathmáry;
    Estreno: recontres internationales de musique contemporain, Metz, 1990;
    Grabación: Zsigmond Szathmáry, 2000, Iglesia Sankt-Georgen, Freiburg.

    Cada vez que he releído la novela Veinte mil Leguas de Viaje Submarino de Julio Verne, me ha asaltado la curiosidad de saber cómo habría sonado el órgano que el Capitán Nemo toca a bordo del Nautilus y que música habría él interpretado. Con toda seguridad no la Toccata y Fuga en re menor de Bach, como sucede en el famoso film de Walt Disney. En el verano del 1989, al escuchar mi composición Übungen (1971) para cinta magnética, generada por un órgano electrónico y un sintetizador me pareció haber encontrado una pista. La mezcla de estos sonidos electrónicos con el de un órgano de iglesia crean una mezcla curiosa que bien podría sugerir el sonido del órgano del capitán Nemo en el Nautilus.

     

    Mesias Maiguashca
    Freiburg, 2021

  • Jaqueline Nova – Buh Records (Perú – 2022)

    Jaqueline Nova – Buh Records (Perú – 2022)

    Criação da Terra – Ecos Pulsantes de Jacqueline Nova
    Por Ana María Romano G. – Bogotá, 2022

     

    Ao longo da criação artística de Nova encontramos um grande fascínio pela voz humana, pelos meios eletrónicos e pelas combinações instrumentais mistas, ou seja, aquelas em que os instrumentais acústicos se entrelaçam com os meios eletrónicos. A obra Omaggio a Catullus possui esses três componentes. Abordou o trabalho vocal sobre um texto latino do poeta Catulo e, mais uma vez, interessou-se em tornar o texto compreensível por breves momentos, mantendo a ideia de não torná-lo inteligível através de mudanças bruscas ou lentas, dilatação ou contração e outros procedimentos que desmontam as palavras. Na partitura inicial, de 1972, o componente eletrônico contemplava a participação da transformação sonora em tempo real, porém ele a revisou em 1974 e nos ajustes descartou os processos eletrônicos em tempo real, muito provavelmente por dificuldades logísticas visto que a estreia estava marcada para fevereiro de 1975 e naquela época ela estava muito doente. Essas modificações na partitura original e o pedido enfático de vozes faladas explicam por que a apresentação ao vivo foi apresentada por uma companhia de teatro e não por um coral. O texto de Catulo confere à obra um caráter testemunhal, quase autobiográfico, permitindo que o desespero e a desilusão por diversas situações pessoais emerjam sem véu.

     

    A primeira vez que Nova morou em Buenos Aires foi entre 1967-1968, como bolsista do CLAEM. Lá ele descobriu um meio musical aberto à conversação e ao debate. O seu espírito curioso permitiu-lhe explorar de forma autodidata o meio eletroacústico desde muito cedo em Bogotá: por um lado, nos estúdios da estação HJCK fazia gravações e depois modificava-as com o equipamento de rádio; Por outro lado, em casa eu tinha dois gravadores de bobina aberta que também experimentei. É importante esclarecer que ela não descobriu a eletroacústica na Argentina, porém como aluna do CLAEM teve a oportunidade de trabalhar no Laboratório de Música Eletrônica em circunstâncias que não conhecia na Colômbia por possuir um espaço adequado exclusivamente para composição eletroacústica. fato que lhe permitiu atingir seu alto nível de refinamento técnico que, quando colocado em diálogo com suas buscas composicionais, a coloca como uma das principais figuras da música eletroacústica colombiana e latino-americana. Neste contexto compôs Opposition-Fusion (1968), a primeira das três obras eletroacústicas para suporte fixo do seu catálogo, outrora designada “para fita”. Neste trabalho a elaboração tímbrica está ligada ao comportamento espectral dos materiais gerados com os osciladores e os tiros dos microfones que se articulam buscando conectar ou separar de acordo com texturas, densidades ou espacialidade.

     

    Dez anos antes, em 1958, Nova chegou a Bogotá, depois de morar em Bucaramanga, cidade da família de seu pai. Estabeleceu-se na capital para estudar pianista no Conservatório Nacional de Música, porém, em 1963 concentrou-se na carreira de composição. Pertence a esse período inicial da sua formação Transições (1964-1965), obra em que aparecem timidamente investigações sólidas que com o tempo se revelarão sem reservas. Como explorações tímbricas envolvendo a harpa do piano ou ressonâncias através de diferentes usos do pedal. As temporalidades que permitem que o som se desenvolva para habitar e transformar o espaço ao mesmo tempo que emergem estruturas rítmicas muito precisas.

    Ou a participação de elementos aleatórios que anunciam a instabilidade como disposição essencial para a criação.

     

    Nova foi a primeira compositora a obter um diploma no Conservatório, o que não significa que antes não houvesse compositoras na atividade musical colombiana. Ao final dos estudos, em 1967, ganhou a bolsa para estudar no CLAEM. A partir desse momento, foram poucos os trabalhos que não envolvessem meios eletrônicos. Para ela, os recursos eletroacústicos tiveram que ser integrados ao universo sonoro. a música. criação contemporânea sem mistérios, como mais um material musical que pode dialogar organicamente com instrumentos acústicos. Outra de suas obras “Ditellianas” é Resonancias 1 (1968, revisada no ano seguinte em Bogotá). Aqui o piano é entrelaçado com sons eletrônicos e é construído sobre 7 estruturas com indicações tímbricas, sobretudo, cabendo a cada intérprete a decisão de como montar a obra, tendo apenas a duração geral da obra como indicação temporal. Mais uma vez abra as portas do acaso para alimentar a imaginação.

     

    Na mesma linha de organização a partir da aleatoriedade está Assimetrias, composta em seu primeiro ano no CLAEM. O trabalho é baseado em 7 estruturas que por sua vez contêm grupos que dão lugar a diferentes possibilidades combinatórias. Neste trabalho, como naqueles que envolvem aleatoriedade, os componentes fixos geralmente são os parâmetros de altura e intensidade para que quem interpreta ou dirige tome decisões. sobre os demais elementos e finalizar a composição da obra. A sua proximidade com o acaso é um aceno à surpresa, ao desconhecido, à curiosidade.

     

    Ao revermos hoje a vida de Nova poderíamos situá-la também como artista sonora ou interdisciplinar; ao longo da sua carreira participou em peças de teatro, instalações sonoras e esculturas, num oratório e num filme. Por outro lado, várias das suas obras “de concerto” contam com a intervenção de meios audiovisuais ou cénicos.

    Para esta publicação decidimos incluir o som da música que ele compôs para o filme Camilo el cura guerrillero, de Francisco Norden, pois nos aproxima da faceta de Nova relacionada ao contexto social e ideológico latino-americano do momento, ela conectou com a figura de Camilo Torres como personagem representativo dos discursos revolucionários atuantes na América Latina nas décadas de 60 e 70. A gravação da trilha sonora é monofônica e contrasta com as buscas pelo espacial que apareceram desde muito cedo em Nova (mesmo em obras acústicas). ), portanto a proposta aqui apresentada não modifica os materiais timbricamente ou espacialmente, apenas alguns volumes intervêm nas sobreposições dos fragmentos pertencentes a diferentes cenas do documentário.

     

    Nova vivia num ambiente hostil à mudança, ao debate e à discussão, hostil ao facto de ser uma mulher autónoma e lésbica. Empreendeu proezas que hoje a tornam pioneira, sem o ter proposto, apenas como resultado do compromisso, dedicação e paixão de uma criadora com a sua sociedade. Jacqueline Nova morreu em Bogotá de câncer ósseo. Sua morte trágica e precoce não só abreviou uma carreira em plena força criativa, como também afetou diretamente o desenvolvimento da música eletroacústica no país: após sua morte houve um grande silêncio – perto de 15 anos – na criação musical com mídia eletrônica. Nova desafiou um ambiente conservador e sobreviveu sozinha. Numa prática associada ao preconceito de ser executada por homens, foi uma mulher quem fortaleceu o uso das tecnologias na música colombiana. Apostas arriscadas que infelizmente custaram caro: o Nova foi rebaixado na época, mas seus ruídos conseguiram abalar e questionar as zonas de conforto do ambiente musical colombiano.

     

    O maravilhoso mundo das máquinas
    Por Jaqueline Nova
    Publicado originalmente na Revista Nova, N°4, Bogotá, julho-setembro de 1966

     

    Amplificadores, filtros, gravadores, microfones, cabos de audiofrequência, acoplamento universal, acoplamento de redução, polias, entradas, saídas, transformadores, osciladores, alto-falantes, controles, volume; elementos ajustados a uma determinada tensão; movimentos ordenados sucessivamente; atrito; luzes que acendem; forças que atuam; engrenagens móveis; vibrações. Estamos aqui no nível da experiência.

     

    Esta ação pré-determinada permite-nos entrar em contacto com o exterior; com um mundo “estático” (sem menosprezar o termo estático).

     

    No momento de “receber” essa impressão, o mundo estático ganha movimento; ele se torna diretamente participante de novas vibrações; de… “algo desconhecido”. As oscilações do pêndulo ainda não completaram 50 anos.

     

    Esse mundo estático ainda não capturou os parâmetros das obras de Alban Berg. Wozzeck odeia a palavra “langsam”; Os outros a adoram e a seguirão fielmente até que “as máquinas parem de funcionar”. O movimento retrógrado será sempre o seu lema; Diante do mundo dos valores, sempre ficará para trás.

     

    Esta forma, já existente, não revela ao homem que ele se prepara para uma viagem interplanetária; ao indivíduo que espera dentro de sua cápsula espacial em: 4-3-2-1- zero!!… Mais claramente, ao “indivíduo que vive no tempo”.

     

    Hoje “vivemos” num ambiente de tensão; de velocidade; do não lento, A NEGAÇÃO DO LENTO – DO Imóvel.

     

    Esse mundo inerte não quer ouvir o som produzido pelo funcionamento de uma betoneira; de uma britadeira; de uma furadeira; da passagem de um Diesel. Os guindastes são simples conjuntos de ferro e nada mais; A poderosa travessia de um jato pelo espaço é então uma chance?

     

    Se entrarmos na câmara onde está localizado um reator nuclear, há uma ideia de confinamento; Essa ideia, sendo semelhante à que temos dentro de um elevador parado, impressiona-nos; mas pelas máquinas que trabalham dentro da câmara.

     

    Absolutamente todos os seres humanos hoje usam uma máquina x; diariamente. Mas eles não querem observar isso; ou sentem pavor ao parar na frente de um deles. Porque? Porque… “até acordarmos depois de mortos, vemos que nunca vivemos realmente!” diz H. Ibsen. Por que, pergunto agora: o compositor de hoje, rodeado de máquinas, é olhado com curiosidade quando está prestes a trabalhar com algum objeto sonoro ou um gerador de alta frequência?

     

    A Terra está completamente submersa num campo magnético análogo ao fornecido por uma faixa magnética situada sobre o seu eixo de rotação. Dentro desse campo magnético está o mundo das máquinas, o mundo do compositor, do artista que se situa especificamente no momento atual. Fora desse campo, estão os tímidos; aquele que não decide participar da nossa luta.

     

    Esta repulsa do mundo inerte, pelos objectos e máquinas que nos rodeiam, é uma fixação no passado, como forma de protecção; É o medo do presente. Mais ainda, esse mundo quer tentar esquecer que vive – se é que vive – na segunda metade do século XX; Mas o que o consciente esquece, o inconsciente traz à tona.

     

    Tudo isto obriga o nosso pensamento a parar no fantástico poder produtivo de um mundo diferente: “o maravilhoso mundo das máquinas”.