Etiqueta: Ajudas para a mobilidade de músicas e músicos

  • Pierre Boutet – Producción del tema “Quizás, quizás, quizás”

    Pierre Boutet – Producción del tema “Quizás, quizás, quizás”

    Título del proyecto: Producción del tema “Quizás, quizás, quizás”
    Nombre del artista/agrupación: Pierre Boutet
    País: Portugal
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2022

    A canção “Quizás, quizás, quizás” é uma peça icônica da música latina, escrita em 1947 pelo compositor cubano Osvaldo Farrés. Farrés, um músico autodidata, compôs esta canção na sua terra natal, Cuba, e a sua obra tornou-se rapidamente um êxito internacional.

    “Quizás, quizás, quizás” tem suas raízes na tradição musical cubana, especificamente no bolero. O gênero romântico por excelência surgiu em Cuba no final do século XIX e caracteriza-se pelas suas letras emotivas e ritmo lento. “Quizás, quizás, quizás” reflecte esta influência, com uma melodia suave e um tema centrado no amor e na incerteza, ambos elementos do bolero. O seu sucesso deveu-se não só à beleza da composição, mas também à capacidade de Farrés para captar um sentimento universal de dúvida e saudade, o que permitiu que a canção ressoasse em públicos de diferentes culturas e línguas. Ao longo dos anos, “Quizás, quizás, quizás” tem sido interpretada por inúmeros artistas em todo o mundo, tornando-se um padrão da música popular.

    Músico originário da Cidade do Panamá, Pierre Boutet ganhou reconhecimento pelo seu trabalho na música pop e tropical. A sua carreira começou quando era muito jovem, tendo aulas de piano, guitarra e canto. Lançou vários álbuns que misturam gêneros como baladas, pop rock e ritmos tropicais. É conhecido pela sua capacidade de combinar música e elementos teatrais, o que se reflete nas suas produções audiovisuais e cénicas.

    No projeto apresentado ao Ibermúsicas, Pierre Boutet procurou reelaborar o clássico bolero cubano de Farrés, fundindo o tango e a habanera, dois géneros com raízes africanas comuns – entre outras influências identificáveis, como a música popular e a milonga, no caso do tango, e os ritmos africanos, com elementos da música espanhola, especialmente andaluza, no caso da habanera. Na sua nova versão, Boutet procurou explicitamente prestar homenagem às raízes latino-americanas e a dois géneros do continente que percorreram o mundo.

    A ajuda solicitada ao Ibermúsicas foi utilizada para a produção, realização do videoclip e gravação do single na Costa Rica, com a ajuda do produtor e arranjador Walter Flores. A Boutet juntou-se à equipa de produção – realizador, operador de câmara, assistente de produção e técnico de iluminação. Sobre esta experiência, Boutet destaca:

    “Foi uma viagem enriquecedora sob todos os pontos de vista. A possibilidade de realizar este tipo de projectos, com absoluta liberdade criativa graças ao apoio de organizações como o Ibermúsicas, e o facto de essas mesmas experiências nos permitirem partilhar e conhecer novos talentos em diferentes áreas, torna a criação artística muito mais relevante. Os objectivos traçados foram plenamente cumpridos, e estou particularmente feliz por ter podido contar com esta fonte de apoio, que recebo com profunda humildade e gratidão”.

  • Concierto y Masterclasses en Instituto Ling Porto Alegre

    Concierto y Masterclasses en Instituto Ling Porto Alegre

    Título del proyecto: Concierto y Masterclasses en Instituto Ling Porto Alegre
    Nombre del artista/agrupación: Guillo Espel
    País: Argentina
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2022

    Guillo Espel é um compositor, guitarrista e produtor musical. Como solista ou com o quarteto que leva o seu nome, lançou e estreou as suas próprias obras, como compositor e como intérprete, num grande número de países: Estados Unidos; Canadá; China; Austrália; Japão; Alemanha ou Itália. No contexto ibero-americano, Espel apresentou-se em salas e teatros de renome em Espanha; México; Panamá; Costa Rica; Equador; Colômbia; Peru; Chile; Brasil; Bolívia; Uruguai e Argentina. Em agosto de 2016 foi galardoado com o Prémio Municipal de Música da cidade de Buenos Aires.

    Guillo Espel tem trabalhado constantemente os cruzamentos entre a música académica e a música popular, entendendo os limites entre as duas como uma linguagem híbrida que não pertence exclusivamente a um ou outro campo, por quanto as fronteiras entre o popular e o académico estão constantemente entrelaçadas e as suas formas não obedecem aos cânones de um ou outro género.

     

    “A minha música tem sido por vezes ligada à música académica universal e por vezes à música popular, mas sempre pensei que isso se deve exclusivamente à funcionalidade que essas músicas têm, às esferas e formas em que se apresentam. A minha música não é uma justaposição de diferentes linguagens, mas é um discurso único com uma intenção expansiva no uso de ferramentas e de organização”.

    O quarteto Guillo Espel pretende promover o intercâmbio da música e da cultura popular latino-americana, desenvolvendo um ambiente de cooperação e criação colaborativa. Em particular, e em relação a esta experiência, Espel propôs um concerto e uma série de master classes sobre instrumentos da tradição folclórica argentino-brasileira, ambas as actividades tiveram lugar na cidade de Porto Alegre, com o objetivo de gerar um intercâmbio cultural comunitário entre os dois países através do que a sua música tem em comum.

     

    A proposta apresentada faz parte de uma longa tradição do Cuarteto Guillo Espel, tradição a partir da qual já realizaram numerosas gravações de compositores brasileiros, como Antonio Carlos Jobim e Heitor Villa-Lobos.

    A prática do cruzamento entre a música académica e a música popular na América Latina é um fenômeno rico, complexo e de longa data que reflete a diversidade cultural da região. Especialmente a partir do século XX, muitos compositores e músicos de formação clássica começaram a incorporar elementos da música popular e folclórica nas suas obras, criando um diálogo entre as tradições académicas de raiz europeísta e as expressões folclóricas locais. Esta fusão permitiu que géneros como o tango, o samba, o son e outros ritmos da região fossem reinterpretados com técnicas e estruturas da música clássica, e vice-versa. Entre muitos outros, figuras como o já citado Heitor Villa-Lobos no Brasil, Silvestre Revueltas no México ou Astor Piazzolla na Argentina são exemplos emblemáticos destes cruzamentos e hibridações.

    A experiência particular do Quarteto Guillo Espel em Porto Alegre resultou num “concerto de casa cheia em que todos os lugares disponíveis foram preenchidos”. Nas palavras do próprio Guillo Espel: “o programa é muito bom, e se nós apresentámos é porque estamos de acordo com o espírito e a dinâmica de trabalho da equipa local do Ibermúsicas, disponível em todos os momentos com a melhor vontade e eficiência. Estamos especialmente gratos a todos eles”.

  • Participação de Ignacio Rodes no Festival Internacional de Guitarra

    Participação de Ignacio Rodes no Festival Internacional de Guitarra

    Título del proyecto: Participación en el Festival Internacional de Guitarra
    Nombre del artista/agrupación: Ignacio Rodes
    País: España
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2023

     

    Ignacio Rodes é um renomado violonista clássico espanhol. Além de sua vasta experiência como intérprete, ele tem uma longa experiência acadêmica. Rodes é professor do Conservatório de Música de Alicante, Doutor em Filosofia e diretor acadêmico e fundador do Mestrado em Performance de Violão Clássico da Universidade de Alicante.

    A ajuda fornecida pelo Ibermúsicas destinava-se a cobrir as despesas de viagem para uma série de concertos, master classes e conferências no Peru (especialmente em Cusco e Lima), no âmbito do Festival Internacional de Violão Ximénez Abril. O principal objetivo desse evento é o resgate, a promoção e a revalorização da obra de Pedro Ximénez Abril (1784-1856), considerado um dos mais importantes compositores peruanos do século XIX, cujo legado musical gira em torno do romantismo inicial, embora a consolidação de seu estilo esteja mais próxima do classicismo europeu da época.

    O Festival se destacou entre os eventos de música acadêmica na América Latina e procurou trabalhar ativamente com as novas gerações, razão pela qual o evento inclui palestras didáticas para crianças, recitais gratuitos para o público em geral e um concurso nacional de violão que possibilita que jovens violonistas clássicos obtenham um instrumento de qualidade. O caráter beneficente mencionado acima é complementado por um segundo aspecto da proposta de Rodes: a organização de concertos e palestras educacionais voltados especificamente para crianças de baixa renda em Urubamba, uma cidade localizada a uma hora de Cusco.

    É relevante que um músico espanhol seja convidado ao Peru para realizar concertos, pois isso reflete um processo de intercâmbio cultural que pode contribuir para o enriquecimento e a diversificação do cenário musical local. Tradicionalmente, os processos de legitimação musical tendem a se mover na direção oposta, ou seja, da América Latina para a Europa, onde historicamente há uma maior infraestrutura e recursos para a divulgação e promoção musical. Nas palavras de Ignacio Rodes:

    “Foi uma ótima experiência descobrir o grande interesse pelo violão clássico entre os estudantes e o público em geral. Sou espanhol e é uma boa oportunidade para poder viajar aos Estados Unidos. Normalmente, os festivais americanos de música clássica não têm orçamento suficiente para trazer apresentações de artistas europeus. O Ibermúsicas é muito importante para o setor americano, além de ser uma oportunidade para nós. Sem o apoio para essa viagem, não teríamos conseguido nos apresentar no Peru”.

  • Colectivo Rayuela

    Colectivo Rayuela

    Título del proyecto: Si la memoria sonara
    Nombre del artista/agrupación: Colectivo Rayuela
    País: México
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2023

    Os estudos do som surgiram como uma ferramenta vital para enriquecer e diversificar a compreensão da memória histórica. Enquanto a história se tem centrado tradicionalmente numa abordagem caraterística da matriz ocular do iluminismo, que privilegia a visão como principal meio de conhecimento, os estudos sonoros desafiam esta perspetiva ao realçar a importância do som e da oralidade como formas de transmissão cultural e de preservação do património. Através da música, da análise de registos sonoros, de testemunhos orais e de paisagens sonoras, procura captar uma dimensão da experiência humana que muitas vezes se perde nos documentos visuais ou escritos. Isto não só permite uma representação mais completa e multissensorial da história, como também assegura que as vozes, a música e os sons que foram historicamente marginalizados ou ignorados sejam reconhecidos como uma parte essencial da memória de um determinado espaço. Na América Latina, o México é um dos países que mais se debruçou sobre esta questão nos últimos vinte anos.

    O projeto “Si la memoria sonara” é uma iniciativa do fotógrafo e compositor mexicano Germán Romero que recebeu o apoio do Ibermúsicas na sua convocatória 2023. Trata-se de uma peça modular de música e fotografia que joga com as possíveis dimensões sonoras da imagem e que foi construída a partir de quinze fotografias tiradas pelo próprio Romero. Cada imagem contém o seu próprio mundo sonoro e, em conjunto, convidam-nos a imaginar outras narrativas e significados possíveis em torno da experiência quotidiana do Centro Histórico da Cidade do México.

     

     

    Con la colaboración de Karla Sanchez en el diseño multimedia, “Si la memoria sonara” se propuso expandir el ejercicio fuera de las fronteras mexicanas, movilizándolo a otros públicos y generando, de este modo, intercambios de enriquecimiento mutuo. Se decidió que El Salvador era una opción interesante para comenzar a regionalizar esta iniciativa. 

    “Nos pareció que el lugar más viable y pertinente era El Salvador, ya que uno de nuestros integrantes es originario de ese país y pensamos que la cercanía con Ciudad de México podía hacer que el proyecto fuera bien recibido por el público y permitir que se active la oferta de acciones interdisciplinarias y de música contemporánea allí”.

    Concretamente, la ayuda de Ibermúsicas contribuyó a cristalizar seis conciertos en El Salvador en febrero de 2024, período en que el grupo Rayuela visitó diferentes espacios culturales, entre ellos el Centro Cultural España y el Teatro Presidente en San Salvador. El colectivo también presentó su proyecto interdisciplinario “Si la memoria sonara” en el Segundo Festival de cine y video estudiantil salvadoreño.

    A propósito de la ayuda brindada por Ibermúsicas, Romero señala lo siguiente:

    “Logramos vincularnos con otros espacios culturales fuera de México y aportar un nuevo proyecto a la escena de la música contemporánea en Centroamérica; conectamos con nuevos públicos y colaboramos en diferentes instancias generando una nueva red de trabajo. Se llevaron a cabo el doble de las presentaciones que teníamos planeadas, lo cual nos ha gratificado mucho. Este viaje ha sido muy relevante, porque se trató de nuestra primera gira fuera del país: hemos aprendido mucho y nos ha ayudado a la mayor profesionalización del grupo en cuanto a la activación de nuevas redes de intercambio e investigación y a la consolidación de un proyecto que puede ser de interés en otros contextos. En este sentido, resultó vital el que hayamos podido aprovechar al máximo los recursos del apoyo provisto por Ibermúsicas”.

  • La Tribu – Gira Abya Yala

    La Tribu – Gira Abya Yala

    Título del proyecto: Gira Abya Yala
    Nombre del artista/agrupación: La Tribu
    País: Panamá
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2022

    Abya Yala é o verdadeiro nome dado pelos antepassados panamenhos e colombianos ao continente americano. É um termo de origem Kuna (ou Guna) que significa “terra em plena maturidade” ou “terra da vida”. É também uma forma de reivindicar e reconhecer a existência das civilizações indígenas e dos seus territórios antes da colonização europeia, propondo um nome próprio e indígena para o continente e sublinhando o carácter imanente de continuidade, união e resistência das culturas indígenas como forma de reconhecimento comum da sua história, cultura e direitos.

    Com este nome, a Banda la Tribu, um grupo de música indígena da nação Dule de Gunayala (Panamá), lançou uma digressão latino-americana de quatro concertos em Quito (Equador); Puerto Viejo (Costa Rica); Ibagué (Colômbia) e Aguascalientes (México). No âmbito desta digressão, os La Tribu combinaram a utilização de instrumentos próprios da região com ritmos contemporâneos, tendo anteriormente levado o seu folclore fundido não só a palcos como o Vive Latino (CDMX) e o Rock al Parque (Bogotá), mas também para além das fronteiras da América, como é o caso da sua digressão no Japão.

    “Abya Yala dá-nos a oportunidade de levar as nossas melodias ancestrais a espaços musicais e multiculturais, para fazer sentir a voz da nossa riqueza nativa, as canções dos nossos avós e as histórias dos nossos povos”.

    Nesta digressão, La Tribu teve a oportunidade de partilhar o palco com músicos de destaque da região, como Roco Pachukote, do México; Marimba Contemporánea, da Guatemala; Conjunto Tropidélico, de El Salvador; La Mafia Andina, do Equador ou Fundingue Vallenato, da Colômbia, entre outros.

    Abya Yala fez parte de uma extensa digressão pela América Latina que foi possível graças ao apoio do Ibermúsicas e do Ministério da Cultura do Panamá. O apoio do Ibermúsicas não só permitiu a La Tribu deslocar músicos e instrumentos pelos quatro países e concertos que fizeram parte da digressão, como também facilitou o contacto com músicos e instrumentistas da região, ligações que poderão dar frutos em futuras colaborações artísticas:

    “Como resultado desta digressão, pudemos colaborar com artistas do México e da Colômbia e contactar festivais como o International Indigenous Music Summit (Toronto) ou o Sancocho Fest em Tulua (Colômbia). Graças a este apoio, pudemos crescer como artistas e expandir os nossos contactos com a indústria musical latino-americana. O Ibermúsicas é um apoio fundamental, especialmente para grupos musicais como o nosso, que precisam de um impulso económico externo para levar a sua música para além das suas fronteiras”.

  • Ensamble Kuatriada en III Festival Internacional Sonamos Latinoamérica de Berlín

    Ensamble Kuatriada en III Festival Internacional Sonamos Latinoamérica de Berlín

    Título del proyecto: Ensamble Kuatriada en III Festival Internacional Sonamos Latinoamérica de Berlín
    Nombre del artista/agrupación: Ensamble Kuatriada
    País: Chile
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2023

    O Ensemble Kuatriada é um grupo de música instrumental com sede em Valdivia, Chile. Seu repertório se baseia tanto na apresentação de composições baseadas em arranjos de seu diretor, Alejandro Torres Farfán, quanto na execução de obras de vários compositores, tanto chilenos quanto internacionais.

     

    O Ensemble participou de diferentes turnês e concertos no Chile e no exterior, tendo realizado até o momento três turnês internacionais e a gravação em estúdio de um álbum com oito peças musicais. Seus membros são alunos do Colégio Bicentenario de Música J. S. Bach, em Valdivia, e também membros da Orquestra EGC da mesma escola. O Ensemble Kuatriada combina osaxofone alto, a flauta e a quena, a gaita de fole, o violino, o acordeão, o piano e o violão.

     

    A proposta apresentada ao programa Ibermúsicas visava à participação do Ensemble em uma série de concertos e atividades na Alemanha em 2024. Os vínculos histórico-culturais entre os dois países são de longa data; como contexto, é importante lembrar que, já em meados do século XIX, o governo chileno estabeleceu vínculos com os chamados então estados alemães com o objetivo de atrair colonos alemães para o país. Esses incentivos incluíam a concessão de terras gratuitas, realocação e assistência inicial em termos de moradia e provisões. O objetivo dessa política de imigração era povoar e desenvolver as regiões central e sul do Chile, especialmente áreas como Valdivia, Osorno e Llanquihue.

     

    Com o objetivo de levar a música latino-americana para além das fronteiras continentais e, sobretudo, levando em conta os laços histórico-culturais que, como mencionado, unem os dois países, o Ensemble participou em 2024 do festival Sonamos Latinoamérica Berlin, realizado na capital alemã. O Sonamos Latinoamérica é uma plataforma internacional que envolve não apenas países latino-americanos, mas também países europeus – como Dinamarca, Espanha e Alemanha -e que organiza, além de concertos anuais, uma ampla gama de atividades, incluindo feiras, exposições, reuniões, articulação de projetos de desenvolvimento profissional, palestras, etc. Em suma, o Sonamos Latinoamérica é uma verdadeira rede de músicos e gestores culturais que promove a circulação e a difusão da música latino-americana em todo o mundo.

    Com o apoio do Ibermúsicas, o Ensemble Kuatriada se apresentou especificamente na cidade de Calau, na Alemanha e na Embaixada do Chile em Berlim, realizando oito concertos, atividades educacionais e master classes. Para essas apresentações, o Ensemble foi composto por seis membros, três meninas, dois meninos e seu maestro, Alejandro Torres Farfán.

    Concertos dessa natureza são importantes porque representam um intercâmbio cultural e artístico entre, neste caso, o Chile e a Alemanha, promovendo a música e as tradições latino-americanas além das fronteiras do continente. A participação do Ensemble Kuatriada nesses eventos ressalta a crescente relevância da música chilena no cenário internacional, destacando sua riqueza cultural e diversidade musical. Como destaca seu diretor:

    “Graças à viagem realizada, já temos ofertas de concertos e masterclass para janeiro de 2025, tanto em Berlim quanto em Leipzig. O trabalho com o Ibermúsicas tem sido muito satisfatório, pois graças a essa ajuda pudemos realizar participações e concertos, pilares fundamentais da atividade de internacionalização dos conjuntos musicais. Isso é um incentivo para continuar no difícil caminho da autogestão musical”.

  • Percepciones – Canciones hechas por mujeres latinoamericanas

    Percepciones – Canciones hechas por mujeres latinoamericanas

    Título del proyecto: Concierto: Percepciones – Canciones hechas por mujeres latinoamericanas

    Nombre del artista/agrupación: Las chicharras

    País: Costa Rica

    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica

    Año de convocatoria: 2023

    “Esta proposta destaca a importância de representar as vozes das mulheres na composição de canções folclóricas. Esse processo promove a colaboração e o apoio mútuo entre as mulheres e amplia a representação de suas próprias experiências artísticas, demonstrando um compromisso com a promoção da igualdade e da mudança social por meio da música”.

     

    Assim pensam Las Chicharras: Karol Barboza, Mariangel Matamoros e Karlyn Salazar se conheceram na Escuela de Música Sinfónica de Pérez Zeledón, na Costa Rica, onde iniciaram sua formação musical. Violão, ukulele, cajón peruano, clarinete, flauta e vozes femininas entrelaçam-se para cultivar sua proposta sonora desde 2012. Las Chicharras começou como uma iniciativa que inclui tanto uma abordagem da música popular diversificada da América Latina, criando novas versões de canções tradicionais de seus diferentes países, quanto a interpretação de canções costarriquenhas inéditas. Seu processo criativo se baseia em uma abordagem prática e intuitiva do repertório que, às vezes, se atém ao ritmo ou à harmonia da música original e, outras vezes, é interferido por métricas contrastantes ou rearmonizações, resultando em um som novo que equilibra forma e conteúdo. Dar voz a canções quase esquecidas, perdidas ou desconhecidas, bem como transmitir música com raízes culturais, reflete a paisagem sonora atual da Costa Rica e tem sido um dos objetivos constantes do trio.

     

    A proposta consistia na turnê “Percepciones”, realizada durante o mês de março de 2024 em Madri, Galícia e no norte de Portugal. A iniciativa consistiu em doze concertos nos quais Las Chicharras executaram um repertório de músicas feitas por mulheres latino-americanas – além da apresentação das composições originais do trio – destacando a nobreza de seu lirismo e representando um tributo à cultura latino-americana. Além de suas apresentações ao vivo, foram realizados workshops com estudantes de música sobre ritmos como o calipso e o tambito, ambos elementos típicos da música costarriquenha.

     

    “O apoio fornecido nos permitiu entrar em contato com agentes culturais da região, criando vínculos que possibilitam a realização de experiências semelhantes no futuro. A colaboração com o Ibermúsicas sempre foi excelente e ágil, e ajuda a fornecer uma base de financiamento para desenvolver projetos musicais muito diversos. Para nós do setor musical, muitas vezes é muito caro nos financiarmos exclusivamente com nossos próprios recursos, daí o valor de ter apoio financeiro adicional para gravações em estúdio, produção de eventos – tanto nacionais quanto internacionais -, composição de obras, compilação de música popular e pesquisa e divulgação de sonoridades indígenas”.

     

  • Sons do Pensamento – Tiganá Santana em Portugal e Espanha

    Sons do Pensamento – Tiganá Santana em Portugal e Espanha

    Título do projeto: Sons do Pensamento – Tiganá Santana em Portugal e Espanha
    Nome do artista / agrupação: Tiganá Santana
    Pais: Brasil
    Linha de apoio: Ajudas ao setor musical para circulação na Ibero-América
    Ano da chamada: 2022

    O trabalho musical e cultural de Tiganá Santana é um exemplo claro do tipo de diálogos interculturais que estão no centro programático da missão e visão do Ibermúsicas enquanto programa de cooperação regional. 

    Ao longo da sua carreira musical, Tiganá tem procurado constantemente pesquisar a presença de canções e ritmos africanos subjacentes na música popular brasileira, construindo a partir dessa pesquisa uma identidade própria que é inseparável do seu próprio percurso formativo e do seu interesse em entrar em mundos não ocidentais. De feito, Tiganá junta-se à longa tradição fonográfica brasileira de incorporar ritmos e sonoridades africanas em seus álbuns. Essa atitude resulta num programa estético em si. O álbum aludido apresenta-se por nome Maçalê (“você é um com a sua essência”, em iorubá arcaico) e foi disponibilizado para o amplo público no ano de 2010.

    Nascido a 29 de dezembro de 1982, na cidade de Salvador (Bahia), Tiganá é compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, diretor artístico, curador, pesquisador, professor e tradutor. Iniciou seus estudos musicais de violão aos 14 de anos, na sua terra nativa, e começou a compor ainda nessa fase, após, desde os 9 anos, ter tido a experiência da escrita poética.

    Em sua longa carreira musical, Tiganá compôs vários álbuns, incluindo The Invention of Colour (2013); Tempo & Magma (2015) e Vida-Código (2020), premiado pelo Edital de Publicação de Música do Departamento de Cultura da Suécia, entre outros. Em 2015 dirigiu a produção artístico-musical dos dois últimos álbuns da cantora brasileira Virgínia Rodrigues (o penúltimo destes, Mama Kalunga, rendeu-lhe o prêmio de melhor cantora no Prêmio da Música Brasileira em 2016). O seu álbum Milagres, foi feito sob solicitação da gravadora alemã Martin Hossbach para revisitar, hodiernamente, o emblemático álbum Milagre dos Peixes, do intérprete e compositor Milton Nascimento, com letras musicais censuradas pelo regime ditatorial militar do Brasil em 1973.  

    “Pra fazer música, pra mim, é necessário estar na vida, nessa dança da vida-morte, e o que eu ouço. Eu também ouço muitas coisas, sobretudo, além da música, as coisas que são aprendidas com as pessoas. Mas ouço música do mundo inteiro, sei lá, daqui do continente sul-americano, do continente africano, da Ásia, Irlanda, da Escandinávia, vou ouvindo aquilo que vai me ensinando a prosseguir, a viver, e essa é a primeira relação, eu diria, com a música. A primeira eu diria ouvir, depois é compor. São os dois fios principais.

    Essa integração musical valoriza e destaca as origens do povo brasileiro, reconhecendo a imensa contribuição da diáspora africana para a cultura e a identidade nacionais. Os ritmos africanos, como o samba e o candomblé, constituem a espinha dorsal de muitos gêneros musicais brasileiros. Além disso, esta prática musical está intimamente ligada aos estudos pós-coloniais, desafiando certas narrativas que historicamente marginalizaram as culturas africanas. Ao incorporar elementos africanos na música, promove uma visão mais inclusiva e exacta da história e da cultura brasileiras, reconhecendo a diversidade e a riqueza das suas raízes.

    A proposta apresentada ao Ibermúsicas visava precisamente a apresentação em vivo, em Espanha e Portugal, de vários do seus álbuns já mencionados, Vida & Código, bem como temas musicais dos álbuns Maçalê; The Invention of Colour e Tempo & Magma. A turnê foi denominada Sons do pensamento, é foi uns concertos em que Tiganá desenvolveu a estética musical por trás de cada álbum lançado durante seus dez anos de carreira. Além dos shows, Tiganá e seus músicos realizaram em Serpa uma vivência artística de três dias para gravar canções no estúdio do centro cultural Musibéria. O objetivo desta turnê está em consonância com a abordagem musical que tem orientado toda a sua carreira: a própria convicção de pertencimento étnico afrocentrado, sobretudo, de referências africanas Bantu e sua presença no Brasil, e a importância de trabalhar com a centralidade das etnicidades negras afrodiaspóricas.

    “Não se trata exatamente de fazer uma pesquisa, digamos assim, proposital sobre uma determinada expressão cultural, de um determinado lugar do continente africano e a partir daí fazer música. Todas essas influências estão amalgamadas dentro e a partir daí existe uma expressão de uma exposição criativa. Se há um interesse de leitura de um determinado autor, se há o interesse por determinadas línguas, por provérbios de lugares diferentes, então tudo isso se junta, eu acho, pra que saia através da música.

    A importância do apoio do Ibermúsicas para a realização dessa turnê foi decisiva para que ela acontecesse, com a importância musical, cultural e histórica que isso implica: a possibilidade de que outras músicas brasileiras, mais difíceis de circular no continente europeu, pudessem ser recebidas, ouvidas e reivindicadas.

    “A assistência é à mobilidade oferecida pelo Ibermúsicas não só resultou em shows incríveis, com grande impacto e repercussão junto ao público. O Ibermúsicas é extremamente importante para o desenvolvimento do setor musical em países que participam do programa, pois oferece recursos financeiros e assistência à mobilidade para artistas, possibilitando que eles realizem shows em outros países e estabeleçam novas conexões e parcerias artísticas. Esse intercâmbio cultural é fundamental para o enriquecimento da música e da cultura em geral, além de contribuir para o fortalecimento das relações entre países da América Latina e da Península Ibérica.”

  • Colombia un Cartel contemporáneo

    Colombia un Cartel contemporáneo

    Título del proyecto: Colombia un Cartel contemporáneo
    País: Colombia
    Nombre del artista/agrupación: Nova et Vetera
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2022

    Nova et Vetera é uma fundação cultural independente com sede na Colômbia, criada em 2012 e especialista em curadoria de música de vanguarda, que assume diferentes funções no campo das artes cénicas para a direção artística e programação de espectáculos contemporâneos. A partir da aliança estabelecida entre a Nova et Vetera e o Festival de Música Estranha de São Paulo, além do apoio do Ibermúsicas, realizou-se em dezembro de 2023 a terceira edição da série “Colômbia, um Cartel contemporâneo”, desta vez com destaque para a produção musical do compositor colombiano Eblis Álvarez.

    “Colombia un Cartel contemporáneo” é um festival de música e um seminário de reflexão criado pelo músico e gestor cultural colombiano Santiago Gardeazábal em torno da música colombiana e das diferentes visões e diálogos que esta suscita com a realidade social, académica e cultural do país. O evento foi um fórum de discussão sobre as culturas emergentes no domínio musical. Foi no âmbito de “Colombia un Cartel contemporáneo” que, juntamente com o seu curador, foram convidados a participar no “Festival Música Estranha” (Brasil), no âmbito das comemorações do seu décimo aniversário.

     

     

    “O Música Estranha tem-se afirmado como uma referência na cena da música experimental, música erudita contemporânea, arte sonora e multimédia no Brasil e na América Latina, revelando uma produção criativa a um público novo, diverso e conectado. Hoje, é o mais antigo festival do estado de São Paulo e um dos pioneiros na América Latina por seu conceito curatorial baseado no pós-gênero.

    A colaboração e proximidade entre os dois festivais e seus curadores —Thiago Cury, responsável pelo Música Estranha, e o já citado Santiago Gardeazábal— é de longa data: a participação de Gardeazábal na etapa de São Paulo, como parte do painel “Curadorias Ampliadas na América Latina 2021”, deu origem à oportunidade, para  “Colombia un Cartel contemporáneo”, de fazer a curadoria de um segmento da décima edição do Música Estranha. Neste sentido, a proposta envolveu um intercâmbio artístico e cultural a partir da obra do destacado músico e compositor colombiano Eblis Álvarez, acompanhado pelos músicos Natalia Merlano, Cesar Quevedo, Mario Galeano, Pedro Ojeda e Mateo Rivano. Num formato de micro-residência de uma semana em São Paulo, as obras e projetos do compositor foram retrabalhados com artistas brasileiros da cena musical experimental e indie/clássica de São Paulo durante o mês de junho de 2023. Nas palavras do próprio Santiago Gardeazábal:

    “O festival foi um espaço para partilhar o ímpeto criativo dos compositores colombianos e algumas das propostas sonoras mais arriscadas do nosso país, mas foi também o momento para discutir e enfrentar os desafios da afirmação de uma identidade colombiana inovadora para o futuro”.

     

     

    Para este tipo de colaboração, já não entre artistas individuais, mas entre colectivos ou festivais, a contribuição que o Ibermúsicas pode dar para estabelecer laços institucionais entre os países da Ibero-América é extremamente importante. 

    “Graças a esse apoio, fortalecem-se os laços de cooperação entre as agências Aqua Música (Festival Música Estranha) e Nova et Vetera, o intercâmbio entre músicos colombianos e brasileiros e a interação entre a produção musical colombiana e o público de São Paulo. Essas relações são de grande importância porque fortalecem os ecossistemas musicais locais e regionais. Projetos musicais de todas as regiões têm se beneficiado do apoio institucional e financeiro do Ibermúsicas, o que tem aumentado a experiência internacional de muitos grupos. Esta projeção tem sido uma motivação para o trabalho criativo no sentido em que apoia interações positivas que têm um impacto efetivo no desenvolvimento artístico”.

     

  • Música Paraguaya en México – Chiara d’Odorico

    Música Paraguaya en México – Chiara d’Odorico

    Título del proyecto: Música Paraguaya en México – Chiara d’Odorico
    País: Paraguay
    Nombre del artista/agrupación: Chiara d’Odorico
    Línea de convocatoria: Ayudas al sector musical para la circulación en Iberoamérica
    Año de convocatoria: 2022

    “A realização deste ciclo —um concerto e duas conferências no México em abril de 2024— não só me permitiu representar o meu país e, através de mim, a cultura paraguaia, como também me deu um impulso muito importante para o meu desenvolvimento e aperfeiçoamento como pianista”.

    Com estas palavras, Chiara d’Odorico exprime a importância para uma artista latino-americana de poder apresentar a música do seu país num outro contexto nacional dentro do seu próprio continente.

    Em particular, o projeto visava divulgar no México a música de compositores sul-americanos, em particular do Paraguai. A iniciativa tomou a forma de três eventos: um recital de piano na Sala Xochipilli e duas palestras sobre a música académica paraguaia para estudantes de piano da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

    Os objectivos desta série de concertos e conferências incluíam, para além da promoção da música académica paraguaia, o intercâmbio de conhecimentos entre músicos de ambos os países e a criação, a longo prazo, de uma rede de trabalho com a UNAM.

    Foi extremamente importante poder destacar e promover para outros músicos o valor das gravações musicais, com a adição de um trabalho aprofundado sobre musicologia histórica”, disse d’Odorico. O repertório do concerto incluiu composições gravadas nos álbuns “Purahéi che retãgua” (nomeado para Melhor Álbum de Música Clássica nos Prémios Gardel 2020) e “Ofrenda a mi tierra”, lançados em 2019 e 2021, respetivamente. Para além disso, teve lugar a estreia internacional da obra “Lembranzas”, de Javier Acosta Giangreco, escrita especialmente para o pianista.

    A pianista paraguaia agradeceu o apoio prestado pelo Ibermúsicas: 

    “A minha experiência foi excelente com todo o pessoal do Ibermúsicas e com a facilidade e rapidez com que toda a ajuda pôde ser gerida. Além de ter entrado em contacto com professores e artistas mexicanos para futuros projectos, a ajuda recebida foi fundamental para poder levar a cabo este projeto, tão valioso para mim e para a música do meu país”.